O Castelo dos Mouros

 

Sobranceiro à serra de Sintra, o Castelo dos Mouros é talvez uma das fortificações portuguesas que mais desperta em nós o imaginário medieval. A aura de mistério em que se envolve, isolado e tantas vezes rodeado por nevoeiro, associada às longínquas e heróicas lutas de poder entre árabes e cristãos, faz-nos recuar até ao tempo dos primeiros reis de Portugal.

A estrutura primitiva do castelo foi edificada pelos árabes algures entre os séculos IX e X, integrando depois os domínios da taifa de Badajoz. Embora tenha estado em posse muçulmana até meados do século XII, Sintra foi, por um breve momento, entregue ao rei Afonso VI de Leão e Castela, mas rapidamente caíu nas mãos dos Almorávidas, que dominaram a rica povoação de Sintra até à Reconquista Cristã.

Igreja de São Pedro

Já na época muçulmana o castelo destinava-se sobretudo a defender e vigiar Lisboa e arredores, pelo que depois da conquista da capital por D. Afonso Henriques em 1147, a guarnição do castelo entregou-se voluntariamente (e em definitivo) às tropas cristãs. O jovem monarca mandou então entregar a fortaleza a 30 povoadores, que erigiram no local a Igreja de São Pedro de Canaferrim.

Com o avanço da Reconquista para sul e a consolidação da nacionalidade ao longo dos reinados da Primeira Dinastia, o castelo perdeu a sua importância estratégica e a população que o ocupava deslocou-se progressivamente para Sintra. Nos finais do século XV o espaço intra-muralhas era habitado apenas por alguns judeus, segregados da povoação da vila por ordem régia (e que mais tarde, com os éditos de expulsão, abandonariam por completo a fortaleza).

Votado ao abandono, o castelo entrou em progressiva decadência, e quando se deu o grande terramoto em 1755 a estrutura ficou muito arruinada.

Foi D. Fernando II, rei consorte responsável pela construção do Palácio da Pena, que no século XIX tomou a seu cargo o restauro integral do castelo, devolvendo-lhe a dignidade e imponência de outros tempos.

O Castelo dos Mouros implanta-se sobre um penedo da serra, adaptando-se à morfologia do terreno com as suas muralhas serpenteando por entre as fragas. As muralhas são constituídas por uma cintura dupla com cinco torres, quatro circulares e uma quadrangular, todas cororadas por merlões. Junto à porta de armas vêem-se as ruínas da Igreja de São Pedro, um edifício românico que conversa ainda no interior vestígios de frescos na abóbada. Junto à pequena igreja ergue-se a cisterna árabe, que em tempos abasteceu o palácio da vila.

Visite o Castelo dos Mouros, perca-se neste lugar mágico, contemple a imensidão da Serra de Sintra e percorra as muralhas fazendo uma viagem com mais de mil anos de história.