A Livraria Lello

Livraria Lello

Considerada uma das mais belas livrarias do mundo, a Livraria Lello e Irmão situa-se na baixa do Porto, sendo um dos edifícios mais emblemáticos da cidade. O espaço foi construído em 1906, com projecto do engenheiro Francisco Xavier Esteves, causando grande impacto no meio cultural da época.

A fachada neogótica destaca-se no meio urbano que a envolve, e dá o mote à atmosfera quase mágica do interior da livraria. Em tons dourados, o espaço abre-se numa atmosfera intimista, ondulante, em que a decoração de rendilhados nos conduz pelas prateleiras repletas de livros. A magnífica escadaria conduz ao piso superior, que ao modo das bibliotecas antigas, se compõe como uma varanda em torno do espaço. No tecto o grande vitral que permite a entrada de luz e onde se pode ler a divisa “Decus in Labore”, é uma das marcas mais significativas da galeria, pela qualidade dos desenhos e riqueza das cores. O edifício foi restaurado em 1995, para permitir uma adaptação do espaço às novas tecnologias, dispondo de uma galeria de arte e um fundo bibliográfico com mais de 60 mil livros.

Para quem está no norte, sugerimos um passeio de fim de semana até à Rua das Carmelitas para apreciar este exemplar da arquitectura neogótica portuguesa. Vale a pena visitar este espaço único da cultura portuense.

Vista aérea da Livraria Lello (@igespar.pt)

Para saber mais: The world’s top 10 bookshops; A Lello em imagens – 360º

A Casa das Águas Livres

Interior da Mãe d' Água (fotografia da Epal)

O reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras faz parte do complexo do Museu da Água, constituido por quatro núcleos visitáveis que compunham a base do sistema de transporte de águas na cidade de Lisboa: a Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos, o Aqueduto das Águas Livres, o Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras e o Reservatório da Patriarcal. A nossa proposta de passeio de hoje recai sobre a Mãe d’Água das Amoreiras ou Casa das Águas Livres.

Situada na Travessa das Amoreiras, junto ao Largo do Rato, a Mãe d’Água foi projectada em 1745 pelo arquitecto Carlos Mardel para recolher e distribuir – através das Galerias do Loreto, da Esperança, das Necessidades e de Santa Ana – as águas do Aqueduto das Águas Livres. O edifício terá ficado concluido em 1834, quase um século depois.

Este projecto, inicialmente pensado para ser construido perto de São Roque, acabou por ser edificado, por decisão do Marquês de Pombal, em Campolide de Baixo, ao lado do que é hoje o Jardim das Amoreiras, próximo da Antiga Fábrica de Tecidos de Seda onde, na mesma altura, viria também a ser construido o bairro operário que a servia.

O edificio, depois de ter passado pela orientação do arquitecto Reinaldo Manuel dos Santos, foi concluido já no reinado de D. Maria II, altura em que finalmente entrou em pleno funcionamento.

Em termos arquitectónicos é um edifício sóbrio, de planta  quadrangular, com tecto em abóbada de tijolo e de onde se destaca a presença de uma cisterna com 7,5m de profundidade e uma capacidade para 5500m cúbicos de água e de um terraço que ocupa a totalidade da área do imóvel.

A Arca da Água apresenta um passeio largo com varanda em três dos seus lados e no lado Norte, pode ser vista uma grande cascata que sai da boca de um golfinho para cair sobre a figura de Neptuno. Atrás da nascente construiram uma escada de acesso ao terraço, onde ao final do primeiro lanço abriram uma janela que dá uma perspectiva completa da área da cisterna.

Actualmente este e os outros três núcleos que constituem o Museu da Água são visitáveis, individualmente ou em grupo, possibilitando uma visão diferente de Lisboa subterrânea e da sua história.

Se aceitar a nossa sugestão, aproveite ainda para visitar a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, integrada na Antiga Fábrica de Tecidos de Seda,  e reserve alguns momentos para disfrutar do espaço do Jardim das Amoreiras, um dos mais acolhedores da cidade, onde o quiosuqe lhe oferece a possibilidade de uma refeição rápida ou um café, para ler um livro ou descansar enquanto as crianças se divertem no pequeno parque infantil mesmo ali ao lado.

Panorâmica de Lisboa no século XIX, onde pode ver-se ao cimo o edifício rectangular da Mãe d' Água (imagem retirada do livro Além da Baixa)

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Como chegar – autocarros: 6, 9, 20, 22, 27, 38, 49, 58, 74 ; estação de Metro: Rato. A Mãe d’ Água está aberta de 2ª a Sábado das 10h00 às 18h00. Encerra aos Domingos e feriados.

Com vista sobre a cidade: o elevador de Santa Justa

Elevador de Santa Justa (fotografia do início do século XX, arquivo Carris)

As colinas que marcam a paisagem de Lisboa constituíam, no século XIX, um  problema real em termos de acessibilidade para a população da capital, que então se deslocava a pé ou em carruagens puxadas por animais. E por isso, depois da Revolução Industrial, foram inventados novos meios de transporte de locomoção mecânica.

Em Lisboa, a partir de 1874, foram muitos os projectos apresentados à Câmara Municipal para que a cidade passasse a usufruir destes modernos meios de transporte e em 1882 o engenheiro de ascendência francesa Raul Mesnier du Ponsard recebeu da vereação uma licença para “construir e explorar” nove elevadores na cidade, dos quais cinco – da Estrela, do Chiado, da Graça, de São Julião e de São Sebastião da Pedreira – desapareceram. Subsistem os do Lavra, da Glória, da Bica e o de Santa Justa.

O Elevador de Santa Justa, ou do Carmo, foi inaugurado em 1902, sendo actualmente o único ascensor vertical que existe na cidade.  O seu projecto, também da autoria de Raul Ponsard, foi apresentado em 1900, com parte mecânica executada por Lambert d’Argent e desenhos feitos por Jacinto Augusto Mariares. O ascensor seria inaugurado dois anos depois, com máquinas a vapor; somente em 1907 a locomoção das cabines passou a fazer-se através de energia eléctrica.

O Elevador de Santa Justa é um dos poucos exemplares de arquitectura do ferro que existe em Lisboa, tendo um profundo impacto no urbanismo da baixa da cidade, não só pela sua implantação vertical mas também pela ornamentação rica e exuberante da estrutura metálica, com arcos de gosto neogótico cheios de flores, folhas e rendilhados. O sistema elevatório é constituído por duas torres metálicas com 45 metros de altura, ligadas entre si e assentes sobre dois pilares. As cabines do elevador, que se equilibram por meio de um cabo de aço, têm interior revestido a madeira e espelhos e capacidade para transportar 29 passageiros.

Este fim de semana sugerimos-lhe que faça uma viagem no tempo até ao início de Novecentos. Suba até ao Largo do

Terraço do Elevador de Santa Justa (fotografia do início do século XX, arquivo Carris)

Carmo no elegante elevador de ferro e, chegando ao último piso, aproveite e disfrute da paisagem única que a esplanada lhe oferece.

Elevador de Santa Justa (entrada pela Rua do Ouro): segunda a sábado das 07h00 às 23h00; Domingo e feriados das 09h00 às 23h00.

Fim de tarde na Praça das Flores

Desenho retirado de http://artolices.blogspot.com

O Jardim Fialho de Almeida, ou da Praça das Flores, é um segredo escondido da cidade de Lisboa, daqueles que não se conta a muita gente.

É um jardim para toda a família, soalheiro, aconchegante, com um pequeno parque infantil, um lago e algumas árvores espalhadas pelos canteiros. O jardim conta ainda com um quiosque recuperado e a funcionar como ponto de venda de iguarias da Lisboa de 1900.

Os quiosques surgiram em Portugal em 1869, como uma importação do conceito francês onde existiam já desde 1620. Eram importantes pontos de encontro na cidade, tendo cada um a sua especialidade: tabaco, jornais, gelados, refrescos, flores, café.

O primeiro a aparecer em Lisboa foi o do Rossio, onde operários e artesãos se juntavam depois do trabalho. Posteriormente surgiram os quiosques da Avenida da Liberdade, das áreas portuárias junto ao Tejo que serviam os trabalhadores das docas e, por fim, os dos jardins da cidade.

Se inicialmente os seus principais clientes eram a classe operária e a pequena burguesia, com o decorrer dos tempos os quiosques passaram a ser ponto de encontro dos estudantes, artistas e intelectuais da capital.

Estas “boutiques de rua” em estilo Arte Nova ou de gosto oriental se, por um lado, contribuíam para o sentido estético como forma de embelezamento urbano, apresentavam-se ainda como espaços utilitários e locais de encontro, onde as pessoas se juntavam para desfrutar da cidade em horas de lazer. Com preços acessíveis a todas as carteiras, era possível comprar flores, tabaco, jornais, refrescos, gelados, torresmos, azeitonas e até peixe frito.

Após um período de franca decadência e abandono, iniciado em meados do século XX, os quiosques reapareceram em Abril de 2009 graças a Catarina Portas e João Regala, que recuperam o conceito de quiosque de refresco dos séculos XIX e XX, disponibilizando aos lisboetas uma variedade de petiscos típicos que, de outra forma, corriam o risco de cair em esquecimento. Disto é exemplo esta lindíssima estrutura de cúpula beringela da Praça das Flores, localizando-se as demais na Praça Luís de Camões e no Jardim do Príncipe Real.

Assim, neste final de semana, e aproveitado as tardes soalheiras na cidade, propomos que a partir do Príncipe Real ou de São Bento se perca pela Rua de São Marçal ou pela Nova da Piedade e ao chegar à Praça das Flores, sinta o cheiro a Primavera descansando num dos bancos que o jardim oferece. Ou opte por fazer um lanche diferente; sente-se na esplanada do quiosque e peça um capilé ou uma limonada e imagine-se em pleno “fin de sciecle”.”

Bom fim de semana!

Arte num minuto: LX Factory

LX Factory, Alcântara

Agora que estamos às portas de um fim de semana alargado, o Arte em toda a parte deixa uma sugestão para um passeio ao fim da tarde, um brunch ou almoço num espaço diferente, junto à zona ribeirinha.

A LX Factory é um espaço de artes e design instalado numa antiga fábrica de tecidos, junto ao Largo do Calvário, onde pode percorrer o espaço das antigas instalações fabris, agora adaptadas a àreas comerciais e empresariais.

Mesmo que já conheça, propomos-lhe que (re)visite o local descobrindo a história da Companhia de Fiação de Lisboa e olhando para os edifícios como um dos poucos complexos fabris ainda existentes em Lisboa.

Pode descarregar a nossa proposta de visita no Roteiro LX Factory, em pdf, com informações históricas, bem como a ficha de FAQ’s especialmente direccionada para as crianças:

Roteiro LX Factory

FAQ’s em miúdos

Esperamos que disfrute da singularidade do espaço, da sua memória, registe a visita em fotografias e dê-nos o seu feedback.

Divirta-se!

Para saber mais, veja aqui. E ali.